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Como lidar com as diferenças culturais a partir da visão de um líder budista

Viajar e conhecer outros lugares é uma atividade prazerosa para muitos. Há quem prefira realizar isso dentro do próprio país e há quem se aventure em nações de idiomas, culturas e costumes distintos. Esse choque cultural provocado por valores, fatos históricos ou visões de mundo diferentes pode gerar uma sensação de distanciamento. A questão é como podemos nos aproximar de toda e qualquer cultura com olhar compassivo e compreensivo e, assim, aproveitar ao máximo a experiência? Vamos aprender com as lições e a visão de um líder budista.

Aproximação

O Dr. Daisaku Ikeda nasceu no Japão no início do século 20. Por isso, passou parte da juventude imerso no contexto da Segunda Guerra Mundial e viveu na pele os horrores causados pela detonação das bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki. Olhando essa situação superficialmente, seria de se esperar que ele sentisse aversão ou, no mínimo, um distanciamento em relação ao que viesse de fora, principalmente dos Estados Unidos. Entretanto, o primeiro país que visitou em sua primeira viagem pela paz, aos 32 anos, foram os Estados Unidos. Por quê? Porque o foco dele sempre esteve além do conflito histórico, o foco dele estava nas pessoas.

Conhecimento

Em todas as viagens, o Dr. Ikeda sempre buscou aprofundar-se na cultura, na história e nos costumes locais. Era dessa forma que ele se capacitava para conversar com os cidadãos. O ato de enaltecer cada ser humano e reconhecer os valores da cultura local é uma demonstração de profundo respeito à cultura visitada porque demonstra consideração e abertura ao outro, ao diferente, e capacita ambas as partes a iniciarem o diálogo a partir de um conhecimento comum.

Intercâmbio

Estabelecer um diálogo saudável ao se compartilhar conhecimentos — essa era a base das ações do Dr. Ikeda. Ao longo de vários anos ele viajou para mais de 50 países e realizou mais de 70 diálogos com pensadores, cientistas e figuras ilustres de diferentes culturas, desde o rei da Tailândia Bhumibol Adulyadej até o cientista norte-americano Linus Pauling e o líder sul-africano Nelson Mandela — todos publicados em artigos e livros.

Em cada um deles, o Dr. Ikeda uniu os passos anteriores (aproximação e conhecimento) ao pensamento de que é por meio do intercâmbio de diferentes experiências e pontos de vista que reconhecemos as semelhanças básicas entre nós (o conhecido) e os outros (o desconhecido) — mesmo quando há discordância.

Compreensão

Em face da informação e divergência de opiniões (e isso de fato ocorreu durante alguns dos diálogos do Dr. Ikeda), é fundamental ter coragem e sinceridade para se expressar com clareza e de forma respeitosa, expondo a lógica que embasam o ponto de vista díspar. É dessa forma que o potencial conflito se transforma em aprofundamento do conhecimento. Nesse intercâmbio de experiências, tendo sempre como base o respeito à dignidade da vida de quem está à sua frente, a compreensão torna-se possível e uma consequência natural do esforço ativo de cada parte em buscar compreensão e compreender o outro.

Conclusão

As viagens do Dr. Daisaku Ikeda em prol da paz podem ter propósitos diferentes das nossas (quando feitas a turismo, por exemplo), mas os princípios que podemos colocar em prática, principalmente quando lidamos com diferenças culturais, são os mesmos.

Quando temos como base o respeito à vida e nos desafiamos para promover uma aproximação, buscar conhecimento e realizar um rico intercâmbio cultural, nossa vida enriquece e ganhamos mais compreensão sobre nossa própria humanidade, sobre os limites da nossa visão de mundo e sobre a complexidade do que existe para além dela.

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